Bruno de Mattos Lombardi Badia

O objetivo desse artigo é esclarecer o que são doenças neuromusculares, quais os sintomas e qual é o papel do Neurologista nesse assunto.

A Neurologia é a especialidade médica dedicada aos transtornos do sistema nervoso central e periférico. O que muitos não sabem é que além das doenças do cérebro ou da medula espinhal, aquelas que acometem os músculos, a junção neuromuscular, os nervos periféricos e o neurônio motor inferior também fazem parte dessa especialidade, constituindo as chamadas doenças neuromusculares, uma subespecialização dentro da Neurologia Clínica.

O neurologista trata, portanto, das mais diversas condições relacionadas ao cérebro, cerebelo, tronco cerebral e medula espinhal, incluindo cefaleias (ou dores de cabeça), AVC (Acidente Vascular Cerebral), epilepsia, transtornos do sono, meningites, encefalites, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, tremores, ataxias, dentre outras. Além destas, há uma enorme quantidade de condições neurológicas, que acometem o sistema nervoso periférico e são conhecidas por doenças neuromusculares.

Apenas para citar alguns exemplos dessas condições, nem sempre tão lembradas:

– Doenças dos músculos – distrofias musculares, miopatias inflamatórias, miopatias tóxicas, miopatias metabólicas;

– Doenças da junção neuromuscular – miastenia gravis, miastenias congênitas, botulismo, síndrome de Lambert-Eaton;

– Doenças dos nervos periféricos – síndrome de Guillain-Barré, PDIC, neuropatia diabética, doença de Charcot-Marie-Tooth, neuropatias metabólicas e tóxicas;

– Doenças do neurônio motor: esclerose lateral amiotrófica, atrofia muscular espinhal.

Principais sintomas

As manifestações e sintomas de doenças neuromusculares podem ser os mais diversos, incluindo:

– Fraqueza;

– Dificuldade para praticar atividades físicas;

– Dor muscular;

– Fadiga;

– Formigamento;

– Dormência;

– Visão dupla;

– Dificuldade para falar ou engolir;

– Falta de ar;

– Dentre muitos outros.

É frequente que os pacientes sejam inicialmente avaliados por outros profissionais da Medicina antes de chegar a um atendimento especializado com Neurologista, o que acaba por atrasar o diagnóstico e tratamento em grande parte dos casos.

Para se tornar neurologista, é necessário primeiramente concluir 6 anos de graduação em Medicina e em seguida realizar um programa específico de pós-graduação, que é a Residência Médica em Neurologia Clínica, que tem no mínimo 3 anos de duração e envolve elevada carga horária teórica e prática em hospitais e ambulatórios.   

No meu caso, cursei tanto a graduação em Medicina como a Residência Médica de Neurologia pela Escola Paulista de Medicina / Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), tendo realizado ainda um ano adicional de especialização em Doenças Neuromusculares no mesmo local. E como estudo e formação são um processo contínuo dentro da área de saúde, atualmente estou realizando programa de pós-graduação para obtenção de título de Mestrado, sendo o tema de minha tese “Porfirias Hepáticas Agudas”.

Concluindo, o neurologista pode tratar muito mais do que apenas doenças do cérebro e este artigo trouxe uma introdução ao que são as doenças neuromusculares, alguns exemplos dessas condições e os principais sintomas que devem levantar suspeita de um quadro neuromuscular. Durante as próximas semanas, novos conteúdos e artigos serão produzidos e o objetivo será abordar e trazer informações tanto sobre condições e sintomas neurológicos gerais, mas também sobre o sistema nervoso periférico e as doenças neuromusculares.