Perda de memória – nem sempre é sinônimo de doença de Alzheimer

26 set, 2022 | Bruno Badia | Comentários desabilitados

Perda de memória – nem sempre é sinônimo de doença de Alzheimer

Por Dr. Bruno de Mattos Lombardi Badia

Muitos acreditam que esquecer onde colocou as chaves de casa ou não se lembrar do nome de algum conhecido, por exemplo, são sinais da doença de Alzheimer, condição neurodegenerativa e causa mais frequente de demência. No entanto, frequentemente a apresentação inicial dessa doença é bem diferente e esquecimentos esporádicos para fatos do dia a dia podem ser observados em indivíduos normais sem nenhum problema neurológico ou naqueles submetidos a estresse emocional e com sintomas de ansiedade.

A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência, correspondendo a 50 a 70% dos casos. A prevalência estimada no Brasil é de 7 a 8,3% na população acima de 65 anos, atingindo 33 a 42% na população acima de 90 anos. Demência pode ser definida por uma perda ou declínio objetivo de pelo menos um domínio cognitivo, por exemplo memória, atenção, linguagem, função executiva e percepção visuoespacial, associada a comprometimento funcional, isto é, prejuízo sobre as atividades diárias e a independência do indivíduo.

Pacientes com doença de Alzheimer apresentam um declínio progressivo da capacidade cognitiva, sendo a memória mais comumente afetada, associado a um comprometimento funcional progressivo. Alguns sinais iniciais que merecem atenção são:

– Perda da capacidade de tomar decisões ou realizar atividades cotidianas.

– Dificuldade em lidar com as próprias medicações, se atrapalhar ou esquecer frequentemente.

– Dificuldade em lidar com finanças, esquecer de pagar contas.

– Dificuldade de planejamento para atividades futuras.

– Alterações do comportamento.

– Desorientação, perda de noção do tempo e do local em que se encontra.

– Fala e perguntas repetitivas.

Grande parcela dos pacientes com Alzheimer não tem percepção alguma de suas dificuldades ou perda de memória, algo conhecido pelos neurologistas como anosognosia e que também faz parte da doença. Por isso, é essencial que esses pacientes sempre compareçam em consulta acompanhados de alguém com quem convivam no dia a dia.

Outras causas de demência e comprometimento cognitivo:

Apesar de ser a mais frequente, a doença de Alzheimer não é a única causa de demência. Diversas outras podem ser citadas:

– Demência vascular

– Demência fronto-temporal ou degeneração lobar fronto-temporal

– Demência com corpos de Lewy

– Demência relacionada a doença de Parkinson

– Demência relacionada ao uso crônico de álcool

– Hidrocefalia de pressão normal

– Encefalopatia traumática crônica

– Doença priônica (Creutzfeldt-Jakob)

Além disso, existem diversos outros fatores que podem levar a perda de memória e são potencialmente tratáveis e reversíveis, dentre eles:

– Insônia crônica

– Apneia obstrutiva do sono

– Depressão e ansiedade

– Deficiência de vitamina B12

– Hipotireoidismo

– Infecção por sífilis ou pelo HIV

Em resumo, queixas relacionadas à memória são bastante frequentes em nosso dia a dia e existem diversas possíveis causas relacionadas, desde esquecimentos normais e corriqueiros a condições potencialmente tratáveis e reversíveis como distúrbios do sono e humor, até doenças degenerativas e progressivas como a doença de Alzheimer. O ideal é que cada caso seja avaliado individualmente por um especialista na área, com finalidade de determinar a necessidade de investigação complementar e introdução de possível tratamento.