Principais exames complementares em Neurologia

30 jan, 2023 | Bruno Badia | Comentários desabilitados

Principais exames complementares em Neurologia

Bruno de Mattos Lombardi Badia

A grande maioria dos diagnósticos tanto clínicos quanto neurológicos são feitos a partir de uma boa anamnese e exame físico detalhados. A anamnese é a parte da consulta médica em que o paciente expõe suas queixas, sintomas e antecedentes de doenças com perguntas direcionadas por parte do médico para esclarecer a possível origem de seu problema. O exame físico neurológico permite avaliar a integridade ou presença de alterações em diversas funções neurológicas específicas, como força muscular, sensibilidade, coordenação motora, equilíbrio e reflexos, sendo fundamental na elaboração de uma hipótese a respeito do diagnóstico e da topografia (ou localização) de uma possível lesão.

 

Com base nas hipóteses levantadas a partir da anamnese e exame físico, o especialista tende a solicitar exames complementares para corroborar ou afastar diagnósticos. Existem diversos exames complementares disponíveis atualmente em Neurologia, desde exames de imagem ou laboratoriais específicos até estudos neurofisiológicos complexos, cada um com indicações e objetivos específicos. A seguir serão listados alguns dos principais utilizados na prática clínica em Neurologia.

 

  • Tomografia computadorizada:
    • Exame de imagem não invasivo, que utiliza raios X;
    • Amplamente disponível, execução rápida;
    • Método de escolha em situações de urgência como traumatismo craniano, acidentes vasculares cerebrais ou dores de cabeça intensas no pronto-socorro.
    • Boa visualização do tecido ósseo – ideal para suspeita de fraturas; boa visualização de calcificações e áreas de sangramento agudo.
    • Baixa resolução para alterações na substância branca cerebral, tronco cerebral, cerebelo e medula espinhal.

 

 

  • Ressonância magnética
    • Exame não invasivo, que utiliza campos magnéticos para gerar imagens;
    • Disponível em grandes centros, mais caro do que a tomografia; execução mais demorada podendo chegar a uma hora dependendo da indicação do exame;
    • Não pode ser realizado em pacientes com implantes ou próteses metálicas;
    • Maior definição para visualização de lesões no cérebro e na medula espinhal;
    • Método de escolha na suspeita de neoplasias do sistema nervoso, doenças desmielinizantes, como esclerose múltipla, e também para lesões na medula espinhal.
    • Protocolos específicos podem ser utilizados também em doenças musculares, como distrofias e miopatias inflamatórias.

 

 

  • Eletroencefalograma
    • Exame que analisa a atividade elétrica cerebral por meio de eletrodos colados no crânio (não invasivo e indolor).
    • Indicado principalmente na investigação de episódios de perda de consciência, suspeita de epilepsia e em pacientes com rebaixamento do nível de consciência ou em coma.

 

 

  • Eletroneuromiografia
    • Exame que utiliza eletrodos e agulhas para estudar a condução do estímulo nervoso através dos nervos, assim como a integridade da junção neuromuscular, dos músculos e sinais de acometimento dos neurônios motores inferiores.
    • Diversas indicações: suspeita de esclerose lateral amiotrófica, atrofia muscular espinhal ou outras doenças do neurônio motor; radiculopatias ou neuropatias periféricas; suspeita de doenças da junção neuromuscular, como miastenia gravis, botulismo ou Eaton-Lambert; suspeita de doenças musculares.

 

 

  • Análise do líquido cérebro-espinhal
    • Coleta realizada por meio de uma punção com agulha na região lombar com anestesia local.
    • A utilização de equipamento conhecido como manômetro permite aferir a pressão de saída do líquido no momento da coleta; com o paciente deitado, essa pressão tem relação direta com a pressão intracraniana, o que permite diagnosticar situações de hipertensão intracraniana.
    • A análise do líquido em laboratório permite identificar presença de alterações bioquímicas, inflamatórias ou infecções.
    • Indicado na suspeita de meningites, encefalites, doenças inflamatórias do sistema nervoso, síndrome de Guillain Barré e hemorragia subaracnóidea.

 

 

Existem diversos outros métodos diagnósticos que podem ser utilizados em situações mais específicas, além de muitos outros atualmente em desenvolvimento. Entretanto, o aumento do arsenal de exames, de forma alguma, deve substituir ou diminuir a importância da avaliação clínica inicial com anamnese, exame físico e formulação de hipóteses diagnósticas, que continua sendo pilar fundamental na prática médica.